Jogador mandou a real sobre os males que a Unimed trouxe ao Fluminense
No último domingo (26), o ex-zagueiro Flávio Tinoco, que foi campeão da terceira divisão com o Fluminense em 1999, concedeu uma entrevista ao canal “Our Sports” e fez duras críticas a Unimed, patrocinadora do clube na época.
O ex-jogador fez observações sobre as atitudes da empresa voltada para o setor de saúde quanto às categorias de base do Tricolor Carioca. Segundo ele, a “era Unimed” foi ruim para o clube em relação aos jovens.
“O Fluminense teve um divisor de águas com a entrada da Unimed. Isso falando em investimento, poderio financeiro e em potencializar sua equipe profissional. Mas especificamente voltado para a base, a Unimed foi muito ruim para o Fluminense, porque não fazia investimento na base, algo que eu entendo ser fundamental para a vida de qualquer clube, principalmente a saúde financeira. Se você não forma atletas, dificilmente você consegue ter uma saúde financeira boa para arcar com o futebol profissional. Nos tempos da Unimed, havia grupos diferentes. Um grupo de atletas recebia da Unimed e um outro grupo recebia do clube, então era uma gestão muito difícil e complexa. Eu que vivi tudo aquilo lá dentro posso dizer que nunca vi a Unimed com bons olhos para a vida futura do Fluminense. A gente via muito impedimento de atletas de grande potencial que não tinham chance nos profissionais”, disse o ex-jogador, que em seguida emendou:
“Naquele período ali, eu fui o único naquela virada que chegou a jogar no profissional. A dificuldade de alguns atletas de chegarem no profissional para jogar e consolidar a sua formação era muito grande. Muito difícil mesmo. Para eu chegar ao profissional, três atletas tiveram que ter problemas de lesão. Se isso não acontecesse, eu não ia ter a oportunidade de chegar no profissional. Muitos atletas com potencial enorme não foram aproveitados por conta dessa parceria com a Unimed, que potencializava a marca, mas prejudicava a base. Se isso fosse feito de uma forma melhor, dividindo o investimento, a gente ia ter uma estrutura muito melhor do clube hoje. Agora, vejo o Fluminense em um bom caminho, de recuperação da parte financeira. A gente tem o exemplo do Flamengo, que fez isso com o Bandeira de Melo, e conseguiu reestruturar o clube. Espero que o Mário consiga recuperar a saúde financeira do Fluminense e estou torcendo muito para que ele alcance os objetivos dele no clube, que passam também por fortalecer a base do Fluminense” concluiu Flávio Tinoco.
Três mudanças positivas no Fluminense na “Era Unimed”
Da Série C para se tornar um dos clubes mais respeitados do país
A parceria entre o Fluminense e a Unimed começou em 1999, ano em que o Tricolor iria disputar o Campeonato Brasileiro da Série C. A empresa chegou ao clube para ajudar no retorno à elite do futebol brasileiro. Assim foi feito.
Porém, levar o Fluminense de volta à primeira divisão foi, talvez, o menor dos feitos. Isso porque em 2007, já com grande investimento da empresa de saúde, o Tricolor conquistou pela primeira vez a Copa do Brasil em 2007, dando fim ao jejum de 23 anos sem títulos nacionais.
Três anos depois, em 2010, voltou a conquistar o Campeonato Brasileiro, levantando pela terceira vez a taça da competição que não ganhava desde 1984, e, dois anos depois, em 2012, mais uma vez foi o vencedor do Brasileirão.
Ao todo, nos 15 anos de parceria, foram seis títulos, sendo uma das eras mais vitoriosas do Fluminense. Além de ter conquistado pela primeira vez a Copa do Brasil, foram dois Campeonatos Brasileiros e três Campeonatos Cariocas (2002, 2005 e 2012).
Contratação de ídolo
Entre tantos ídolos criados na era da Unimed, Fred é sem dúvidas o maior deles. O ex-camisa 9 esteve presente nos dois títulos do Tricolor do Campeonato Brasileiro nos anos de 2010 e 2012, sendo o principal líder do elenco.
Fred foi contratado em 2009, junto ao Lyon, da França, e foi um dos símbolos da era da Unimed no Fluminense pelo sucesso dentro das quatro linhas e pelo alto salário que recebia, onde a maior parte era de responsabilidade da patrocinadora.
Além de Fred, o argentino Conca também se tornou um dos ídolos do Fluminense graças à parceria com a Unimed, assim como Thiago Neves, o zagueiro Thiago Silva e o brasileiro naturalizado português, Deco, que era do Barcelona.
Imagem internacional
O Fluminense ficou 23 anos sem disputar a Copa Libertadores da América, e voltou a participar do torneio continental em 2008, e, logo de cara, ficou perto do título tão desejado pelo clube e torcedor. O Tricolor ficou com o vice ao ser derrotado pela LDU, nos pênaltis, em pleno Maracanã. Mas na campanha para chegar até a final, o Time de Guerreiros eliminou grandes equipes, como São Paulo e Boca Juniors.