Jornalista faz grave acusação sobre John Kennedy, do Fluminense
Atacante foi alvo de preconceito
Um dos nomes mais comentados do Fluminense nos últimos meses vem sendo o de John Kennedy. Após sair do banco de reservas a garantir a vitória do Tricolor das Laranjeiras na semifinal do Mundial de Clubes, o atacante ganhou as manchetes da imprensa nacional. Contudo, o jornalista Julio Gomes, do UOL, pesou nas palavras e foi duramente criticado por fala preconceituosa.
Nesta terça-feira (19), no programa da UOL News Esporte, Julio Gomes falou sobre a trajetória do Fluminense no Mundial de Clubes e fez diversos elogios ao comando técnico de Fernando Diniz. Contudo, ao comentar sobre as façanhas de John Kennedy, o jornalista acusou o craque de fazer homenagem aos traficantes do Rio de Janeiro.
– “Ele tem uma coisa que a gente pode julgar. Quando ele comemora gol fazendo alusão a um traficante carioca. Isso a gente pode falar. Realmente o John Kennedy é tratado como um milagre dentro do Fluminense” – afirmou Julio.
Com o vídeo repercutindo nacionalmente e gerando revolta de torcedores do Fluminense e até mesmo dos rivais, o jornalista se retratou com um enorme texto. Em resumo, Gomes justificou que sua fala foi originada por meio de um “fake news”, onde acredita ter passado de apenas um boato.
Pedido de desculpas a John Kennedy
Confira na íntegra o pedido de desculpas:
“Antes de mais nada, estou aqui para me desculpar com o John Kennedy. No programa UOL News Esporte de terça-feira, eu afirmei que ele comemorava seus gols fazendo alusão a um “traficante do Rio de Janeiro”. Eu não tenho como comprovar nada disso, é apenas uma especulação que chegou até mim e, portanto, tecnicamente, trata-se de uma opinião vazia ou até mesmo fake news.
Errei. Se tem uma coisa que não combina comigo é espalhar boato. O que eu falei no ar não é uma informação, é uma especulação. Eu nunca movi uma palha para ir atrás desta história sobre John Kennedy e confirmá-la – ou não. Portanto, não cabe a um jornalista que sempre prezou pela seriedade fazer a alusão que fiz.
O jornalismo bem feito sempre foi um grande objetivo da minha vida. Detesto ver minha profissão ser achincalhada por quem mal entende o que é e qual a função do jornalismo. E detesto ver minha profissão achincalhada por quem faz jornalismo mal feito, jornalismo de desinformação, fake news ou distorção. Detesto ver o jornalismo sendo achincalhado por quem quer dominar narrativas e conduzir a massa para o lado que lhe interessa.
Dito isso, sinto-me envergonhado por ter feito o que não se deve hoje. Falei no ar que as comemorações do garoto John Kennedy, do Fluminense, imitando um urso com as duas mãos por trás da orelha, fazem referência à famosa “Tropa do Urso”, como é conhecido o “exército” do traficante “Doca” ou “Urso da Penha”, um dos líderes do Comando Vermelho no Complexo da Penha. Doca é conhecido pela violência e também pelo assistencialismo, portanto, uma figura, como muitas no Brasil, que desperta também simpatia em parte da população local.
No entanto, não há comprovação de qualquer relacionamento entre Kennedy e o “Urso da Penha”. Posso ter ajudado a espalhar uma fake news e nada pode me envergonhar mais, nada pode ter menos a ver com minha trajetória pessoal.
Kennedy é tratado internamente no Flu como um milagre, pois é um menino que convive com muitas distrações além do futebol. É um milagre do futebol brasileiro, mais um, um grande talento e que tem dado ao Fluminense glórias que o clube nunca conquistou. Quem vive no meio do futebol diz que John Kennedy não fica atrás de Endrick, por exemplo, em termos de talento. Um fenômeno da base e, agora, do profissional. Espero sinceramente que um grupo grande e estruturado de pessoas consiga conduzir a carreira e a vida de John Kennedy para lugares positivos, longe da tragédia diária da vida brasileira e dos finais tristes que habitualmente têm as vidas da enorme maioria da população jovem, pobre e negra no Brasil.
Peço desculpas pela fala fora de lugar e absolutamente irresponsável. Espero que a celebração do “Bonde do Urso” seja apenas algo fofo mesmo, sem alusão alguma a qualquer coisa errada. E, se no futuro algo do tipo for comprovado, isso não terá diminuído meu erro em um centímetro sequer. Peço desculpas ao jornalismo, ao UOL Esporte, aos torcedores do Fluminense, fãs do John Kennedy e, especialmente, ao próprio John Kennedy.”